Lignina, do latim Lignum, que significa madeira, é uma molécula presente nas plantas terrestres e, juntamente à celulose, confere rigidez, impermeabilidade e resistência contra ataques biológicos aos tecidos vegetais.
É o terceiro componente mais importante da madeira e é formada apenas em plantas vasculares, isto é, que desenvolvem tecidos especializados em funções como o transporte de soluções aquosas e suporte mecânico. Tem entre suas funções a proteção dos componentes vasculares da planta, reduzindo a permeabilidade da parede celular à água, protegendo a madeira contra microrganismos (agindo como um fungicida) além de conferir suporte para a árvore, suportando sua copa a muitos metros de altura, graças a sua característica de rigidez.
Na indústria de papel, excluindo aqueles utilizados pelo processo Kraft (empregados para a fabricação de embalagens de papelão ou jornal que possuem grande concentração de lignina), para outras produções como linha tissue (papel toalha,guardanapos, papel higiênico) e outros produtos como papel sulfite, a lignina já não é tão “desejada” assim, visto que sua degradação em contato com o ar, confere um aspecto amarelado ao produto. Para reduzir a sua concentração para a produção deste material, são utilizados processos mecânicos e produtos químicos de efeito branqueadores.
É justamente durante esse processo que são produzidos os “licores escuros”, ou seja, os subprodutos advindos da hidrólise da lignina por esses agentes solventes e que hoje são utilizados em outros setores da industria, em diversas categorias. São estes subprodutos da lignina que hoje estão sendo estudados e sendo direcionados como substitutos de muitos derivados de petróleo para a produção de energia limpa, além de outras aplicações na indústria de consumo em geral, desde a produção de biocombustível até a sua utilização em fármacos, cosméticos e até na alimentação.
Grande parte da lignina já é utilizada pela própria indústria de papel e outras também como biocombustível para caldeiras. É importante ressaltar que, diferente da fonte de energia de origem fóssil, a lignina é considerada um combustível ou fonte de energia renovável, gerando um alto valor agregado. Além disso, a lignina também é utilizada para o desenvolvimento de produtos em potencial para a substituição dos derivados de petróleo com alguma vantagem sobre os mesmos.
O uso de fibras de poliuretano em substituição ao uso do plástico é uma delas além de outras aplicações onde o uso da lignina pode ser usado em potencial. No caso específico da substituição ao plástico, em alguns setores ela leva vantagem por apresentar características mais eficientes, como por exemplo, maior resistência ao impacto mesmo com alta dureza, devido a sua memória elastomérica,ou seja, podem ser tensionados mesmo com altas durezas a um alongamento significante e retornaram a sua dimensão original. Essa mesma característica evita que o produto se quebre, diferente do plástico. E também são mais resistentes à abrasão.Mas a lignina não é só empregada como um substituto em potencial dos derivados de petróleo e para biocombustíveis. Sua aplicação hoje envolve o desenvolvimento de produtos que atendem diversos setores.
Rica em compostos químicos como fenóis, benzenos, vanilina entre outros, a lignina tem presença hoje em diversos produtos tais como: agentes emulsificantes para a indústria alimentícia, antioxidantes, pesticidas, fertilizantes, carvão vegetal, aditivos para concreto, além de nano cápsulas para ativos medicamentosos ou cosméticos.
O grande desafio do setor é justamente aproveitar todos os resíduos do processo de refino da celulose além da biomassa, o que inclui o aproveitamento da lignina em toda sua potencialidade.
Estudos já estão sendo realizados para não só criar um maior aproveitamento deste componente da madeira, como também melhorar sua produção e escoamento para uso comercial. O que já podemos afirmar é: o que antes era considerado um grande custo para a indústria do papel, hoje é visto com bons olhos e grande fonte de faturamento. Mudanças significativas no mercado da celulose em geral estão por vir e a lignina é a grande aposta da vez.
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